terça-feira, 30 de março de 2010

Desabafo de hoje

Hoje tive a oportunidade de reacender a veia antropóloga em mim.
Voltando de 996 de Niterói, fiquei observando o mundo Niterói-Rio e, posteriomente, como as pessoas andam impacientes e intolerantes.
Algo que me assustei foi o fato de nunca ter percebido que o 996 passava na Marquês de Abrantes. Onde anda minha cabeça analítica e perceptiva?
Desde que existe essa linha, ela cruza minha vida pela Senador Vergueiro, mas nunca notei que ela também cruzava pela paralela.
Memória seletiva? Talvez seja, já que um namorado terminou comigo dentro desse ônibus, e estávamos indo para Botafogo.
Mas acredito que seja mais um embotamento mental. Eu simplesmente parei de notar o entorno.
Ao percerber isso, fui notando cada vez mais as situações cotidianas.
Fui ao Bradesco, e não tinha fila no caixa. Mas pessoas mal humoradas cruzavam de um lado para o outro reclamando do tempo.
Fui ao Banco do Brasil, e lá cheguei a presenciar um mezzo barraco. Esperando para tentar abrir uma conta funcional, vi duas jovem senhoras, de no máximo 45 anos, fazendo um escândalo quando um senhor com deficiência na perna recebeu tratamento preferencial. E a coisa ficou ainda pior quando uma senhora de 65 anos também recebeu atendimento primeiro. As duas gritaram com a senhora, fizeram um bafafá, e ela explicando: mas foi minha senha que apitou, que eu posso fazer? Deixe-me explicar: o BB do lado da minha casa agora tem um sistema de senhas, e ao invés de filas em pé, instalou várias cadeiras, pois o bairro tem muitos idosos. As senhas são retiradas na entrada, e quem solicita atendimento preferencial realmente recebe, pois sua senha passa na frente das de atendimento comum. Isso gerou uma confusão danada.
Achei um barato o sistema de senhas, e lamentável a postura das senhorinhas, mas num país onde Marcelo Dourado é preferido para ganhar o BBB10, vejo que a tolerância tem sido só mais uma palavra vazia.
Bem, acabei ficando presa no BB, porque, por algum motivo que está além da minha compreensão, meu CPF não estava regularizado. Ou seja, não pude abrir a conta, e tive que pagar pra regularizar. Sendo que sempre fiz minha declaração de isento.
Nesse meio tempo, uma senhora passou minha frente no atendimento, fazendo um escândalo em voz alta, dizendo que estava lá antes. A atendente puxou pela senha e falou: Senhora, ela está aguardando há 35 minutos, e a senhora há 12 minutos. Constrangida, pois era uma senhora, cedi minha vez, e esperei mais 15 minutos.
As pessoas vivem num ambiente de estresse constante. Me compadeci dos funcionários do banco. Tinha uma senhora bem velhinha que levantava de 2 em 2 minutos, com senha pro preferencial, e ia no gerente querendo ser atendida. E ele supereducado, explicava que tinham pessoas do preferencial ainda sendo atendidas, mas quando chegasse a vez dela, ele mesmo ajudaria.

Um exercício diário de paciência faria bem às pessoas, viu?
E se colocar no lugar do outro, que não pode se movimentar direito, mas que quer e deve ser inserido no ambiente social como qualquer outro.

Bjins
Mari

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