Teus trajes
Estendo-te meus farrapos.
Cubra-te com eles.
Mesmo ensangüentados,
poderás desfilar
nas ruas, nas camas, nos espelhos.
Mesmo rotos, os frangalhos,
bastam de calor e espessura.
Foram rasgados de mim
naquelas noites absurdas.
Não me servem mais.
Os vista nas noites de gala.
Mesmo pobres, esses fiapos,
poderás ostentá-los.
Eles caem bem em tua alma.
E quem os vê em ti
nem percebe que são trapos.
Tamanha a elegância do meu coração destroçado.
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