sábado, 24 de janeiro de 2009


Teus trajes

Estendo-te meus farrapos.

Cubra-te com eles.

Mesmo ensangüentados,

poderás desfilar

nas ruas, nas camas, nos espelhos.

Mesmo rotos, os frangalhos,

bastam de calor e espessura.

Foram rasgados de mim

naquelas noites absurdas.

Não me servem mais.

Os vista nas noites de gala.

Mesmo pobres, esses fiapos,

poderás ostentá-los.

Eles caem bem em tua alma.

E quem os vê em ti

nem percebe que são trapos.

Tamanha a elegância do meu coração destroçado.


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